Com o objetivo de construir uma sociedade mais justa, a educação inclusiva está ganhando espaço nas escolas contemporâneas. Hoje, a educação regular não está mais tão separada da educação especial como no passado. Essa nova abordagem tem como compromisso valorizar as singularidades de cada aluno, criando ambientes de estudo onde todos se sintam respeitados. A partir do compromisso de criar oportunidades iguais para todos os estudantes, incluindo os que possuem necessidades especiais, as escolas promovem uma cultura de valorização do indivíduo e, com isso, conseguem diminuir o bullying entre os alunos.
A educação inclusiva é diferente da educação especial porque ela não separa o aluno com necessidade especial do convívio com os demais estudantes. Todos vão aprender juntos na mesma sala de aula e assim, as crianças com algum tipo de necessidade especial crescem integradas com o grupo de colegas de sala, aumentando o senso de pertencimento social.
O que é educação inclusiva?
A educação inclusiva representa um modelo contemporâneo que tem como objetivo garantir o direito universal à educação, promovendo igualdade de oportunidades e valorizando as mais variadas diferenças humanas. Essa abordagem reconhece a diversidade e atua no sentido de eliminar possíveis barreiras para a participação plena de cada estudante no aprendizado e no convívio escolar.
Ela propõe adaptações curriculares, incluindo acompanhamentos personalizados e uma mentalidade baseada na aceitação e respeito às diferenças. Essa transformação na cultura do ambiente escolar, com práticas inovadoras é essencial para assegurar a participação e o desenvolvimento de todos no processo de aprendizagem.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a educação inclusiva traz uma transformação construtiva para as escolas porque defende o direito de todos os alunos permanecerem juntos em sala de aula, sem discriminação. Com isso, a metodologia garante o respeito a todos, valorizando as diferenças, sejam culturais, sociais, étnicas, intelectuais ou de gênero. A integração dos alunos com necessidades especiais nas escolas regulares é uma consequência da implementação da educação inclusiva.
Os princípios da educação inclusiva são as diretrizes que norteiam essa metodologia. Eles ajudam a capacitar os novos professores que precisam compreender o funcionamento da abordagem na prática. Veja abaixo quais são esses princípios basilares da educação inclusiva:
A educação é um direito de todos. Deve ser de qualidade e assegurar os direitos para estudantes com necessidades especiais
Todos os estudantes têm capacidade de aprender, independentemente de suas características individuais e possíveis limitações intelectuais ou físicas
A aprendizagem não é homogênea para todos os alunos e cada um tem um caminho único nesse sentido. Por isso, na educação inclusiva, as escolas buscam trabalhar propostas pedagógicas variadas, que levem em conta as particularidades dos estudantes
O ensino presencial promove relações saudáveis, troca de ideias, percepção das diferenças, pluralidade de opiniões e tudo isso contribui para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes
O direito à igualdade e o respeito às diferenças é a base de tudo
A legislação vigente no Brasil, através do Plano Nacional de Educação, em sua meta de número 4, traz as diretrizes para a implementação do ensino inclusivo. O texto diz o seguinte: “Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”.
Assim, no intuito de respeitar a legislação e implementar a educação inclusiva, as escolas já estão investindo em ações que farão toda a diferença para o aprendizado dos estudantes. Um exemplo disso é a adaptação do material didático para as necessidades dos alunos, incluindo opções em braile, aumento do tamanho das fontes usadas nos materiais didáticos, mudanças na infraestrutura das salas de aula e alterações nos móveis escolares. Tudo isso com o objetivo de criar cenários que se encaixem com as necessidades de determinados alunos, melhorando o desempenho e o bem estar.
O ensino inclusivo faz parte da nova realidade das instituições escolares. A sociedade mudou e novos valores estão cada dia mais presentes, como o respeito à diversidade e o acolhimento das necessidades especiais. Nesse sentido, crianças autistas, superdotadas, com deficiência, com transtorno do desenvolvimento e demais características pessoais que precisem de um acompanhamento personalizado já estão conseguindo aprender nas escolas regulares.
Os benefícios dessa integração dos estudantes são inúmeros, como a melhora na autoestima, a diminuição do preconceito, o estímulo à capacidade individual de todos, a eliminação do bullying devido à conscientização para o respeito e muitos outros, como:
Acesso Universal à Educação: remove barreiras sociais, emocionais, intelectuais e físicas, no intuito de garantir oportunidades iguais a todos
Reconhecimento da Diversidade: a diversidade é vista como um fator de soma, devido ao crescimento humano proporcionado pelo convívio com pessoas diferentes, seja por conta de suas habilidades, de suas experiências de vida, de sua cultura, religião, etnia ou gênero.
Adaptação Curricular: a educação inclusiva requer adaptações curriculares para atender às necessidades individuais dos alunos. Isso pode incluir modificações no material didático, nas metodologias usadas em sala de aula e até mesmo nas avaliações, tudo para garantir que todos possam participar plenamente do processo de aprendizagem.
Desenvolvimento da Empatia: escolas que adotam o ensino inclusivo proporcionam um avanço significativo nas habilidades sociais dos alunos. Eles aprendem sobre respeito, ética, compaixão, colaboração, evoluindo em suas capacidades socioemocionais.
Empoderamento dos Alunos: por oferecer oportunidades iguais para todos os estudantes, a educação inclusiva promove o empoderamento dos alunos. Ela os capacita a superar desafios, a construir uma autoestima fortalecida e a participar ativamente nas atividades escolares. Esse comportamento acaba se refletindo na vida fora da escola, ajudando no convívio social.
Quais são os maiores desafios do ensino inclusivo?
Embora traga significativas mudanças benéficas para os estudantes e para toda a comunidade escolar, para que a educação inclusiva seja implementada de forma correta existem alguns desafios a serem enfrentados.
Primeiro, as escolas têm que investir na formação dos educadores para que eles saibam o que é a educação inclusiva e como colocar em prática os seus princípios. Além disso, muitas das adaptações precisam de recursos financeiros, como os ajustes no material didático e nos móveis escolares, por exemplo.
A mudança na mentalidade também é um desafio a ser superado, pois preconceitos das mais variadas vertentes ainda estão presentes na nossa sociedade. A resistência cultural ao que é novo atrapalha o progresso da metodologia, mas a conscientização que os educadores podem iniciar a respeito dos benefícios do ensino inclusivo será fundamental para essa transformação de valores.
Assim, percebemos que a educação inclusiva é bem mais do que uma metodologia, ela é uma abordagem agregadora capaz de iniciar mudanças sociais profundas. No longo prazo, os resultados do ensino inclusivo serão sentidos no convívio social, onde teremos uma sociedade que valoriza cada indivíduo com suas peculiaridades. Mas, o começo dessa verdadeira transformação de valores está nas salas de aula.