Ser um líder de uma instituição educacional é uma capacidade que vai muito além de tomar as decisões corretas e coordenar os trabalhos em equipe. A liderança exige uma compreensão mais profunda das relações humanas e suas emoções. Nesse sentido, os líderes escolares que têm conhecimento sobre a inteligência emocional se destacam por suas ações que fortalecem a gestão, criando ambientes mais resilientes e agradáveis de trabalhar.
O que é Inteligência Emocional?
A Inteligência Emocional é a capacidade cerebral de analisar e compreender as próprias emoções, bem como a capacidade de reconhecer as emoções dos outros. O conceito foi difundido pelo mundo graças aos estudos do psicólogo Daniel Goleman e envolve aspectos como autorregulação emocional, motivação, empatia, habilidade de socialização e autoconsciência.
Através da autoconsciência, é possível compreender as próprias emoções e perceber como elas estão afetando o comportamento e os próprios pensamentos. Já a autorregulação emocional é a capacidade de lidar com situações de estresse mantendo a calma e também a capacidade de controlar os impulsos frente a situações adversas.
A empatia é outro conceito que faz parte da inteligência emocional e diz respeito a ter compaixão pelos outros, saber se colocar no lugar deles e compreender suas reações. Essa é uma das principais habilidades que os líderes precisam desenvolver, pois muitos funcionários se queixam da falta de compreensão dos chefes a respeito de questões de cunho pessoal que interferem no trabalho. Ninguém é um robô, que desempenha sua produtividade máxima todos os dias. As pessoas têm relacionamentos e emoções que interferem em sua produtividade no trabalho e essas questões precisam ser compreendidas pelos líderes.
Principalmente quando se trata de líderes escolares que estão lidando diariamente com educadores, ou seja, pessoas responsáveis pela transmissão de conhecimentos e pela formação de crianças e adolescentes. Essa formação inclui valores como ética, solidariedade, respeito, disciplina. E o humor dos profissionais vai influenciar decisivamente no ambiente de ensino.
Por isso, os líderes devem procurar construir relacionamentos saudáveis, com uma comunicação fluida e livre de medos. Assim, os profissionais se sentem mais seguros para conversar sobre suas questões que porventura afetem o trabalho e se sentem acolhidos como seres humanos integrais e não apenas como educadores que estão ali para desempenhar o seu papel.
Outra habilidade essencial dos líderes que desenvolveram a Inteligência Emocional é saber criar motivação nos integrantes da sua equipe. Estabelecer metas interessantes, que se conectem com as paixões dos funcionários faz toda a diferença. Pessoas entusiasmadas trabalham com a sensação de propósito, gerando um significado maior para suas vidas.
A Inteligência Emocional impacta a capacidade de se comunicar efetivamente e de resolver conflitos, influenciando positivamente não apenas o trabalho, mas também os relacionamentos interpessoais e a saúde integral do ser. Por isso, desenvolvê-la pode levar a uma vida mais equilibrada, relações mais saudáveis e uma capacidade aprimorada de enfrentar os desafios do cotidiano.
Quando os gestores escolares possuem as capacidades ligadas à inteligência emocional, a instituição como um todo é afetada pelas boas práticas. O ambiente escolar se torna mais positivo e produtivo, e isso se reflete nas relações entre professores, alunos e pais. Os conflitos são solucionados de uma forma mais madura, com a prática da escuta ativa e do diálogo como forma de se encontrar um ponto de equilíbrio. Além disso, o desenvolvimento socioemocional dos alunos é estimulado, promovendo um espaço de inclusão social e respeito às diferenças.
Diretores e gestores escolares precisam ser capacitados para desenvolver a inteligência emocional nos seus processos de trabalho. Essa capacidade vai ajudá-los a enfrentar os desafios de uma forma mais harmônica, inclusive oferecendo diretrizes estáveis mesmo em tempos de dificuldades. Além disso, o desenvolvimento da inteligência emocional no ambiente de trabalho diminui a competitividade exacerbada e contribui para atitudes colaborativas entre os funcionários.
Líderes emocionalmente inteligentes são capazes de construir relações mais fortes e duradouras. Com isso, o índice de evasão de funcionários diminui significativamente porque pessoas satisfeitas com o trabalho tendem a querer permanecer em seus cargos.
Como capacitar os gestores escolares nas habilidades da Inteligência Emocional?
A capacitação de gestores, diretores, educadores e coordenadores escolares nas habilidades da Inteligência Emocional é fundamental para a evolução da mentalidade dos profissionais da escola. Atualmente, já existem cursos online que ensinam as principais teorias da Inteligência Emocional para educadores, mostram as pesquisas mais recentes sobre o tema e demonstram ferramentas que podem ser utilizadas no dia a dia da gestão e da prática de ensino e aprendizado.
As escolas podem investir neste tipo de capacitação remota ou contratar profissionais para ministrar cursos e workshops presenciais sobre o tema. Inserir a Inteligência Emocional entre os temas dos Programas de Formação fará toda a diferença no futuro das escolas, tanto na educação dos alunos quanto nos relacionamentos entre os profissionais.
Confira a seguir alguns dos principais livros sobre Inteligência Emocional que podem ajudar os gestores e educadores a compreender melhor o tema:
1. Inteligência Emocional - Daniel Goleman
2. Inteligência Emocional para Educadores - Maurice J. Elias e Steven E. Tobias
3. Educando com Inteligência Emocional - Daniel Goleman
4. Educação Emocional: Como Transformar a Escola na Formação do Caráter - Augusto Cury
5. Inteligência Emocional na Educação - Marc A. Brackett
6. A Arte de Ensinar e Aprender com Inteligência Emocional - David R. Caruso e Peter Salovey
7. O Educador Emocionalmente Inteligente - Elaine de Beauport
8. Desenvolvendo a Inteligência Emocional na Escola - Linda Lantieri e Daniel Goleman
9. A Inteligência Emocional das Crianças - John Gottman
10. Liderança da Inteligência Emocional - Daniel Goleman
Como desenvolver a Inteligência Emocional nas escolas?
Em diversos países, a educação emocional já integra os currículos escolares, evidenciando a sua importância. Aqui no Brasil, o ensino da Inteligência Emocional deve ser incorporado de maneira multidisciplinar, com o tema sendo integrado às diversas disciplinas para que o aprendizado seja construído a partir de diversos pontos de vista.
Os professores, que anteriormente já foram capacitados para compreender o significado da Inteligência Emocional, agora vão transmitir o conteúdo para os estudantes através de atividades em sala de aula. Para ajudar nesse processo, jogos que definam as emoções e brincadeiras teatrais de soluções de conflitos podem auxiliar a absorver os principais conceitos relacionados ao tema.
É importante estimular que os estudantes saibam diferenciar o que são emoções e o que são sentimentos. Além disso, eles precisam compreender a relevância de controlar as próprias emoções, de saber dialogar sobre os incômodos que estejam afetando os relacionamentos, conseguindo expressar de maneira adequada seus sentimentos.
Nesse processo de aprendizado da Inteligência Emocional, o papel do professor é fundamental porque é ele que vai direcionar os debates, que vai interferir com ensinamentos quando necessário e que vai criar atividades lúdicas para simular situações onde os estudantes podem compreender quais são as habilidades da Inteligência Emocional.
Ao abordar o assunto em sala de aula os alunos aprendem a respeito dessa capacidade tão necessária e ficam mais preparados para ter responsabilidade emocional em seus comportamentos.
Em síntese, a Inteligência Emocional emerge como um dos mais fortes pilares para os gestores escolares, bem como para os educadores. Sua aplicação promove ambientes educacionais mais saudáveis e produtivos. Ao incorporar e priorizar o desenvolvimento dessa competência, os diretores não só fortalecem sua própria capacidade de liderança, mas também estabelecem uma base sólida para o êxito acadêmico e emocional de toda a comunidade escolar. A liderança fundamentada na Inteligência Emocional revela-se como uma peça-chave na construção de instituições educacionais que não apenas nutrem o intelecto, mas também o bem-estar emocional de todos os envolvidos.