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Growth Mindset na educação: Como as escolas podem contribuir para o desenvolvimento de mentalidades voltadas para o crescimento?


Por Xavana Celesnah

Growth Mindset é um termo adotado pela Psicologia para designar ‘mentalidade’ de crescimento. A palavra Mindset significa literalmente mentalidade e pode ser interpretada como ‘modelo de pensamentos’. O conceito foi amplamente estudado pela psicóloga Carol Dweck, professora da Universidade de Stanford, e resultou no livro Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso. Na obra, a pesquisadora concluiu que existem basicamente dois tipos de mentalidade que podem influenciar de maneira decisiva a capacidade de realização e de conquista nas vidas das pessoas: o Mindset Fixo e o Growth Mindset (ou Mindset de Crescimento).

Em sua pesquisa, a autora mostra a importância das escolas na disseminação da mentalidade voltada para a crença de que as capacidades pessoais se desenvolvem com a prática. Essa perspectiva mental leva as crianças e também os adolescentes a se sentirem mais seguros para enfrentar novos desafios. E ainda faz com que se sintam mais confortáveis em situações que precisam expor alguma vulnerabilidade, como quando desconhecem determinados assuntos ou ainda não possuem certas habilidades para práticas esportivas, por exemplo.

Mindset nas Escolas

Incluindo conceitos de Mindset na escola

Esse é o ponto de vista adotado pelo Mindset de Crescimento, diferente do Mindset Fixo, onde existe a convicção de que algumas pessoas nascem com mais inteligência ou talento do que outras e isso não pode ser mudado.

A educação tem um papel fundamental na formação do mindset dos alunos e, nesse sentido, as escolas podem incluir a disseminação da mentalidade de crescimento nos seus planos pedagógicos, contribuindo dessa maneira para criar um aprendizado mais prazeroso e inclusivo. Se você deseja compreender um pouco mais a respeito desse assunto, acompanhe este artigo até o final e veja como as escolas podem adotar práticas para estimular o Mindset de Crescimento.

O que é Mindset?

Como foi dito anteriormente, Mindset significa mentalidade ou forma de pensar. O termo também pode ser interpretado como as crenças que adotamos e levamos como uma programação mental ao longo da vida. Assim, essas crenças têm o poder de influenciar o nosso comportamento e, consequentemente, as nossas conquistas. Se o nosso sistema de crenças for construtivo e voltado para o aperfeiçoamento pessoal, podemos encarar nossas limitações sabendo que é possível superá-las.

Mindset de Crescimento

Mas, se nossas crenças forem limitantes, a tendência é a estagnação na vida e a dificuldade em acreditar que é possível mudar e alcançar melhores resultados nos mais diversos âmbitos da vida, sejam eles profissionais ou na área dos relacionamentos.

De acordo com os estudos da psicóloga Carol Dweck, as pessoas possuem basicamente dois tipos de Mindset: o fixo e o de crescimento. O Mindset Fixo reforça que a inteligência das pessoas é inata e que existem pessoas naturalmente mais inteligentes e outras que seriam menos capacitadas. Esse tipo de mentalidade ainda é muito presente e aprendido até mesmo de forma inconsciente, fazendo com que exista nas escolas, mesmo que de forma velada, uma supervalorização dos estudantes “brilhantes” e a exclusão dos considerados “burros”.

Por muito tempo, tanto nas instituições de ensino quanto dentro de casa, muitas crianças e adolescentes foram educados a partir desse ponto de vista. Esse Mindset, além de excludente, ainda reforça a “cultura do gênio”, que é aquele ser superdotado que não precisa fazer esforço nenhum para alcançar os melhores resultados. Diante de uma crença desse tipo, ocorre uma desmotivação por parte dos estudantes que não estão entre os mais destacados. E, até mesmo aqueles considerados “geniais” passam por uma situação complicada: ficam desesperados caso surja algum desafio maior do que eles estão preparados para enfrentar.

Portanto, essa mentalidade reforça a “vergonha”, um sentimento que muito atrapalha o desenvolvimento das capacidades humanas. Segundo a escritora Brené Brown, no seu livro “A Coragem de Ser Imperfeito”, a vergonha é um dos principais empecilhos para o crescimento humano. A vergonha impede a evolução e faz com que as pessoas prefiram desistir dos seus sonhos do que ter que passar pelo vexame de expor suas limitações.

Por isso, a importância da educação na disseminação de uma nova mentalidade, que desconstrua a cultura do gênio e considere o potencial de todos os alunos igualmente, acreditando no crescimento da inteligência a partir do esforço, da prática constante e dos erros como uma oportunidade de aprendizado.

O Mindset de Crescimento é capaz de gerar benefícios a longo prazo na vida dos estudantes porque vai gerar uma postura diante da vida que permite aos futuros adultos gostar do que fazem, mesmo diante das possíveis dificuldades que possam surgir. Isso porque aprenderam a não fugir dos desafios e sim a encará-los como oportunidades de crescimento e superação.

No Mindset Fixo, a inteligência é percebida como inata e existe uma necessidade de autoafirmação, em que as pessoas precisam demonstrar como são talentosas e superiores. O Mindset de Crescimento, por sua vez, está voltado para o aprendizado constante e para os benefícios gerados nesse percurso.

Como desenvolver o Mindset de Crescimento na sala de aula?

Estimular a formação de uma mentalidade de crescimento na educação (infantil ou de adolescentes) é um desafio para os professores. Isso porque eles precisam primeiro se autoavaliar para perceber qual Mindset estão adotando e, além de migrar para a mentalidade aberta do crescimento, também precisam enviar a mensagem correta para os alunos por meio das atividades práticas e do diálogo.

A partir da postura adotada pelos professores nas salas de aula é possível que a mensagem correta seja enviada ao cérebro dos estudantes. Se os professores criam uma atmosfera de medo, deixando claro que estão julgando e avaliando as habilidades dos alunos, fica subentendido na mentalidade dos estudantes que eles estão sendo observados e avaliados por suas características inatas e imutáveis. Mas, a partir do momento que os professores deixam clara a mensagem de que todos estão em fase de aprendizado e que os erros ajudam no processo de aperfeiçoamento deste mesmo aprendizado, os alunos entendem que podem desenvolver suas capacidades e passam a gostar de saber que seu esforço é capaz de melhorar gradativamente os resultados.

Mas, na prática, como os professores podem disseminar o Growth Mindset? A forma de dialogar com os alunos é uma das maneiras de conseguir direcionar o pensamento para um novo tipo de mentalidade. Ao evitar separar os alunos entre os melhores e os piores de acordo com as notas obtidas e, ao observar as áreas que precisam de melhoria no ensino, os professores estimulam a evolução do aprendizado. Os educadores também podem criar novas estratégias de ensino para os alunos, caso percebam que eles estão se esforçando sem conseguir avançar.

Outra conduta importante é evitar fazer elogios a respeito dos “dons” e “talentos naturais” dos estudantes e focar nos elogios que valorizem o esforço deles, seja numa atividade em sala de aula ou nas avaliações. Isso faz com que os alunos se sintam motivados a perceber que é a partir da dedicação que se consegue bons frutos. Assim, quebram o paradigma da inteligência sem esforço e passam a perceber que a perseverança e a disciplina são capazes de auxiliá-los a obter êxito no aprendizado.

O ensino é, portanto, uma das principais ferramentas para se fomentar mentalidade de crescimento, que valoriza o desenvolvimento, a automotivação e a responsabilidade. Com esse tipo de mentalidade, as escolas criam as bases para a formação de pessoas menos egóicas e mais construtivas, capazes de gerar maiores contribuições sociais no futuro.