As histórias em quadrinhos (HQs) ainda hoje precisam batalhar para encontrar um lugar de respeito no mundo literário. Subestimadas enquanto gênero, elas seguem conquistando espaço e influenciando gerações. Neste artigo, vamos mostrar como as narrativas contadas a partir das HQs são capazes de desenvolver a habilidade da leitura e de tornar mais simples a compreensão de histórias e conceitos complexos pelos estudantes.

Surgidas a partir de tirinhas nos jornais do século XIX, as famosas HQs foram ganhando popularidade e encorpando longas histórias com o passar do tempo. Personagens emblemáticos como o Homem-Aranha, Batman e Superman surgiram nesse formato e se tornaram ícones da cultura pop mundial.

As crianças costumam ter muito interesse pelas narrativas das histórias em quadrinhos, com suas tramas envolventes, desenhos coloridos e personagens cativantes. É muito provável que você conheça algum adulto que começou a ter gosto pela leitura a partir das narrativas dos quadrinhos.

Além dos clássicos super heróis já citados, personagens como Luluzinha e Bolinha também fazem parte do imaginário de gerações mais antigas no Brasil. E, claro, a Turma da Mônica, criada por Maurício de Souza, se tornou um sucesso unânime em todo o país, atingindo um público diverso, que vai de crianças a adolescentes e adultos.

Apesar da popularidade, as histórias em quadrinhos ainda são consideradas como literatura marginalizada e já foram muito rejeitadas por intelectuais que a percebiam como uma subliteratura infantil, que servia apenas para distrair e divertir. Esse preconceito só atrapalhou a inclusão das HQs na educação, que na prática, traz inúmeros benefícios para o aprendizado.

Os principais defensores dos quadrinhos no Brasil foram os escritores Gilberto Freyre e Ziraldo. Gilberto Freyre, inclusive, defendia o papel educativo dos quadrinhos para crianças e adultos, enxergando as HQs como uma ponte para a leitura de livros. Ele chegou até a propor, sem sucesso, uma versão em quadrinhos da Constituição de 1946, com o objetivo de torná-la mais acessível à população.

Foi também Gilberto Freyre que conseguiu um parecer favorável aos quadrinhos que, desta maneira passaram a ser considerados como elementos de ajuda na alfabetização.

Como usar as Histórias em Quadrinhos nas salas de aula?

Os professores do ensino infantil podem usar os gibis em atividades simples de sala de aula com o propósito de tornar o processo de alfabetização mais lúdico e interativo. Fazer leituras compartilhadas e propor o preenchimento das falas dos balõezinhos dos personagens estimulam a criatividade das crianças enquanto aprendem a ler e escrever.

Para colocar em prática o uso das HQs no processo de alfabetização, os professores podem começar escolhendo apenas uma história para ser lida em conjunto pela classe inteira.

Depois da leitura, no intuito de estimular o pensamento crítico e a análise das histórias, os educadores devem buscar conversar com os alunos sobre os acontecimentos narrados. Assim, os estudantes podem compartilhar suas interpretações, começando a entrar na postura de leitores, fazendo suas associações e construindo conhecimento sem nem perceber.

Outra dinâmica capaz de gerar bons resultados na sala de aula é pedir para que os estudantes criem suas próprias histórias. Assim, eles são motivados a pensar em narrativas e também a imaginar as características dos personagens e dos cenários. É uma excelente maneira de trabalhar a criatividade e a construção de um vocabulário mais rico.

Caso os professores prefiram trabalhar apenas o vocabulário, as histórias em quadrinhos continuam como grandes aliadas na alfabetização. Nesse caso, é possível criar uma atividade onde os alunos apenas preencham as falas dos balões ou partes da fala. Dessa forma, eles se concentram somente no texto e na coerência da narrativa.

Esse tipo de atividade traz os alunos para a ação, tornando-os protagonistas durante o processo de aprendizagem. Assim, as histórias em quadrinhos surgem como grandes aliadas para a construção do protagonismo na educação, conceito que já é tendência na educação e que visa desenvolver pessoas mais proativas e capazes de ter iniciativa nas mais diversas situações de vida.

Além de promover a leitura, as histórias em quadrinhos auxiliam no desenvolvimento cognitivo, unindo mais de uma linguagem no mesmo suporte, como as artes visuais e o texto literário. Essa junção de imagem e escrita estimula que os leitores processem várias informações, aumentando a capacidade interpretativa.

Quais Histórias em Quadrinhos ler com a criançada?

Nas salas de aula, as histórias em quadrinhos são grandes aliadas dos professores. Mas, é preciso que os educadores entendam como abordar as histórias com os estudantes. Existem HQs mais apropriadas para crianças mais velhas e outras que podem ser lidas pelo público geral ou crianças em idade de alfabetização, como a Turma da Mônica e Os Três Porquinhos, por exemplo.

Veja a seguir dicas de histórias em quadrinhos para ler com a criançada e ajudá-las a se divertir enquanto estão sendo alfabetizadas.

Turma da Mônica

As aventuras e conflitos vividos pela turma formada por Mônica, Magali, Cebolinha, Cascão e outros personagens secundários costumam encantar as crianças. Com características peculiares, os personagens despertam a identificação dos leitores.

Os Vingadores

Uma excelente maneira de apresentar os grandes super-herois para a criançada é por meio das revistas em quadrinhos publicadas pela editora Marvel Comics, dos Estados Unidos. Os Vingadores mais conhecidos são o Homem de Ferro, Thor, Hulk, Homem Formiga e Capitão América. Por meio das HQs, as crianças vão conhecer mais detalhes das histórias desses herois do que através das adaptações cinematográficas.

Sítio do Picapau Amarelo

A versão em HQ do Sítio do Picapau Amarelo é baseada na história clássica escrita por Monteiro Lobato. As aventuras e travessuras de Emília, as feitiçarias da Cuca e todas as viagens feitas com o pó de pirlimpimpim ficam mais visuais na versão em quadrinhos. Apresentar às crianças essa obra consagrada da literatura infantil é uma maneira de introduzi-las ao universo mágico do folclore brasileiro.

Ao integrar temas variados e diversificados, as HQs promovem a curiosidade e o prazer pela leitura, contribuindo para a formação de leitores competentes e apaixonados. O uso das histórias em quadrinhos na educação deve ser valorizado e incentivado como uma ferramenta eficaz para a alfabetização e o desenvolvimento cognitivo das crianças.