No Brasil, foi aprovada em novembro de 2021 a Lei 14.254, que dispõe sobre o acompanhamento integral para estudantes com TDAH e dislexia na educação básica. Essa lei assegura que o educando diagnosticado com o transtorno de aprendizagem tenha apoio educacional e terapêutico na rede de saúde.

Assim, a legislação estabelece a proteção aos educandos das escolas públicas e privadas, para que tenham o pleno acesso a uma pedagogia adequada ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social. Ademais, a norma determina que os professores da educação básica tenham capacitações constantes para que possam identificar os sinais do TDAH e realizar as práticas educacionais escolares apropriadas com os alunos.

Como se faz o diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é realizado de maneira clínica e geralmente é feito por médicos e psicólogos. Os especialistas analisam o comportamento da criança por meio de avaliações, onde conseguem observar a existência dos sintomas que caracterizam o transtorno.

Dentre as ferramentas utilizadas para diagnosticar o TDAH está o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), feito pela Associação de Psiquiatria dos Estados Unidos. Esse Manual adota os seguintes critérios na avaliação dos pacientes: a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.

Dentre as ferramentas utilizadas para diAlgumas crianças têm dificuldade em ficar concentradas e ter atenção por tempo prolongado; outras apresentam comportamento impulsivo e hiperativo. Mas também é possível que existam ambos os sintomas na mesma criança. Para dar o diagnóstico, os médicos entregam questionários aos pais e professores, além de observarem as crianças.

Cada um dos critérios analisados possui sintomas específicos. Assim, para a criança ser diagnosticada com TDAH é necessário ter, no mínimo, seis sintomas dos grupos. Além disso, os sintomas precisam estar presentes por seis meses ou mais e dificultar a execução das atividades do dia a dia, em casa e na escola, por exemplo.

Quais são os sintomas de TDAH de cada grupo no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)?

Os critérios de avaliação do TDAH através do DSM-5 são formados por 9 sintomas de desatenção e 9 sintomas de hiperatividade e impulsividade (somados conjuntamente). Para que uma pessoa seja diagnosticada com TDAH, é necessário apresentar no mínimo 6 sintomas de um dos critérios ou de ambos.

Hiperatividade : Apresenta com freqüência as características a seguir:

1. Agita as mãos ou os pés ou se remexe sentado na cadeira. Balança constantemente as pernas ou bate com as pontas dos pés no chão
2. Não consegue permanecer sentado na sala de aula
3. Corre demais ou faz escaladas nos lugares, de forma não apropriada. Inquieto.
4. Age como se estivesse "a todo vapor"
5. Fala em demasia e escuta pouco
6. Tem dificuldade em brincar tranquilamente

Impulsividade : Apresenta os sinais abaixo com frequência:

1. Dá respostas precipitadas sem ouvir a pergunta completa
2. Impaciente quando precisa esperar a sua vez (seja em filas ou quando quer expressar sua opinião)
3. Costuma se intrometer nos assuntos dos outros ou interromper as conversas e brincadeiras alheias

Desatenção : A pessoa tem as seguintes características:

1. Não presta atenção nos detalhes e comete erros por descuido em atividades escolares ou no trabalho quando adulta.
2. Não consegue se concentrar em jogos ou tarefas. Tem dificuldade de ler.
3. Parece que não escuta quando as pessoas lhe dirigem a palavra
4. Tem dificuldade para seguir instruções e não conclui as tarefas escolares. Quando adulto, não lê manuais de instrução.
5. É muito desorganizado. Tem muita dificuldade para organizar tarefas e atividades.
6. Tem verdadeira antipatia em realizar tarefas que exijam esforço mental. Por isso, evita fazer as tarefas de casa escolares.
7. Nunca sabe onde guarda as coisas. Perde objetos necessários para executar suas atividades, como cadernos, lápis, livros.
8. Distrai-se facilmente por estímulos externos ao que está fazendo.
9. Esquece facilmente das coisas nas atividades diárias.

Quais as melhores abordagens para apoiar crianças com TDAH?

A capacitação dos professores é fundamental para que eles possam identificar rapidamente os traços do TDAH nos alunos. A partir do diagnóstico, é possível realizar as estratégias de apoio adequadas. Assim, os pais serão informados e o tratamento para o TDAH pode ser iniciado com suporte da escola, da família e dos profissionais de saúde.

As escolas podem incluir novas estratégias pedagógicas para ajudar as crianças com TDAH, como o aprendizado multimodal, que consiste na integração de elementos multimídia nas aulas e atividades escolares, como imagens, vídeos, áudios e gestos, além dos textos. Ademais, a redução de objetos e imagens no interior das salas de aula contribui para aumentar o foco e o envolvimento dos estudantes com o assunto abordado pelo professor.

E, claro, o apoio psicológico e terapêutico será um diferencial para o tratamento das crianças com TDAH, já que as abordagens terapêuticas podem ajudar as crianças a compreender os sintomas e lidar melhor com os desafios que enfrentam.

Somado aos fatores acima, as escolas que criam campanhas de conscientização a respeito do TDAH contribuem para a empatia e sensibilização dos alunos em relação às crianças que apresentam os sintomas do transtorno de déficit de atenção. Palestras, workshops e atividades que envolvam toda a comunidade escolar podem ajudar a reduzir o preconceito e promover uma cultura de empatia e aceitação.

Sugestões de atividades pedagógicas para crianças com TDAH

Nas escolas, os professores e demais educadores precisam saber adotar estratégias para lidar com os alunos que apresentam TDAH. Essas ações ajudam os estudantes a superar suas dificuldades e proporcionam a integração deles com suas turmas.

Para atingir o objetivo de trazer o aluno ao desenvolvimento apropriado nas atividades escolares, os professores podem incluir atividades em dupla, por exemplo. Essas dinâmicas em dupla contribuem na socialização do estudante. Os professores podem pedir para que a dupla converse a respeito de algum tema ou resolvam juntos algum exercício proposto. Em seguida, também é possível que após a execução da atividade, as duplas sejam solicitadas a compartilhar com a turma os seus pontos de vista sobre o tema trabalhado.

Outra estratégia para ajudar o aluno com TDAH é oferecer apoio psicopedagógico na própria escola, com atividades lúdicas como jogos e brincadeiras que têm como objetivo ajudar os alunos no processo de aprendizagem.

Com a ajuda da família, os profissionais da educação também podem estabelecer uma rotina saudável para o aluno, incluindo horários para o lazer e para o estudo. Nesse sentido, o uso de agendas escolares contribui para melhorar o foco dos estudantes na execução de suas atividades.

Os professores podem diversificar a rotina, incluindo aulas criativas, em áreas externas para motivar as crianças em um ambiente diferente. Como o percentual de alunos com TDAH nas escolas costuma ser expressivo, é imprescindível que os educadores saibam acolher esses estudantes e adotem práticas pedagógicas capazes de contribuir para o desenvolvimento dos alunos no que diz respeito ao aprendizado escolar.

Entenda os Sintomas do TDAH

O TDAH é um transtorno neurobiológico muito comum, que tem início na infância e pode permanecer durante a vida adulta. As causas são muitas vezes hereditárias e se não for tratado, o transtorno pode interferir no funcionamento de vários aspectos da vida, como relacionamentos, trabalho, desenvolvimento pessoal e organização.

As principais alterações provocadas pelo TDAH são a hiperatividade, a impulsividade e a desatenção. Vamos conhecer as características de cada uma delas?

O que é Hiperatividade? A hiperatividade é um sintoma neurológico caracterizado por um aumento excessivo da atividade motora. Com excesso de energia, a pessoa hiperativa apresenta comportamento inquieto e costuma se movimentar o tempo todo. Na escola, os alunos hiperativos geralmente são aquelas crianças e adolescentes “elétricos”, que levantam da cadeira constantemente, falam muito, mexem com os colegas e se aventuram subindo em árvores ou entrando em locais perigosos.

O que é Impulsividade? A impulsividade é a dificuldade em controlar os próprios impulsos. Ou seja, é um sintoma caracterizado pela falta de autocontrole. As pessoas impulsivas costumam agir sem pensar, de forma automática. A impulsividade é equivalente à compulsão, pois quem possui esse sintoma tem problemas em controlar a própria vontade. No TDAH, a impulsividade pode se apresentar como uma compulsão por comida, por compras ou por uma forma impensada em assumir compromissos ou tomar decisões. As crianças impulsivas são aquelas que reagem de forma imediata e explosiva quando as coisas não acontecem como ela quer ou quando sentem raiva.

O que é a Desatenção? A desatenção é caracterizada pela desconcentração e falta de foco. A criança não consegue se manter concentrada por muito tempo em atividades como leitura ou conversas. Por conta dessa desatenção, os estudantes cometem erros em exercícios escolares que sabem resolver, mas se descuidam por não observar os detalhes. Além disso, a desatenção no TDAH faz com que as pessoas se distraiam facilmente com qualquer estímulo, perdendo a concentração no que estavam fazendo antes. Ademais, os desatentos esquecem das coisas, como de recados e de objetos também. Nessas pessoas, o transtorno afeta a memória de curto prazo.

Crianças com TDAH na escola: Estímulo à Autonomia

As crianças com TDAH passam por desafios de aprendizado e de socialização nas escolas. Porém, com o suporte apropriado, conseguem desenvolver seu potencial acadêmico e emocional. Estratégias para promover a autonomia das crianças com TDAH nas escolas são essenciais para a superação dos desafios. Dentre essas ações estratégicas está a oportunidade para que essas crianças assumam responsabilidades e tomem decisões. Ao proporcionar que elas tenham essa autonomia em algumas atividades, a escola contribui para o fortalecimento da sua autoestima e autoconfiança.

Para motivá-las, os educadores devem buscar estabelecer metas alcançáveis e realistas. Assim, elas podem monitorar o progresso do próprio aprendizado e sentir a alegria de cada pequena conquista, aumentando a sensação de realização. E, claro, o apoio individualizado é fundamental para oferecer o tratamento necessário, já que cada criança é única e requer ações pedagógicas específicas. Algumas podem se beneficiar mais com atividades para aumentar a concentração e o foco, enquanto outras podem precisar de mais tempo para concluir as atividades.

Para lidar com o TDAH nas escolas, é necessária uma abordagem multidisciplinar que conte com a colaboração dos professores, pais e profissionais da saúde, como psicólogos e terapeutas holísticos. O esforço conjunto em prol de uma educação inclusiva cria ambientes acolhedores, onde as crianças possam alcançar o pleno aprendizado independente de suas diferenças.